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Festa das Morcelas ou da Mocidade de Constantim
Elementos | |
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Festa das Morcelas ou da Mocidade de Constantim Constantim, Miranda do Douro |
Tradição com raízes ancestrais que se insere no quadro das seculares celebrações do solstício de Inverno e que se prolongam durante estes dias na aldeia de Constantim.
Festa em honra de São João Evangelista, que tem como principal atracção o peditório á volta da aldeia, acompanhado pelos Pauliteiros e pelas principais "figuras": o Carocho e a Velha.
Dia 27 - 18h às 22h - Die de ls Cepos - Na Véspera da festa, a grande fogueira vai agregar à sua volta as gentes da aldeia, degustando o “convite”; bailando ou simplesmente conversando, assistindo-se às danças dos pauliteiros, não trajados da forma tradicional mas usando roupas do dia-a-dia. E, pela noite, a festa inclui baile popular, com mais comes e bebes entre as gentes da aldeia. O Carocho – cuja identidade deve permanecer secreta, porque sempre foi assim e sempre assim terá de ser – faz então a sua aparição, no decurso do bailarico, trajando a rigor e cometendo já as suas habituais tropelias e desacatos.
Dia 28 - 06h às 22h30 - Die de San Juan - Logo pela manhã, o Carocho e a Velha, acompanhados pelos Pauliteiros da terra, ao som dos gaiteiros, vão percorrer todas as ruas da aldeia, para convidar os residentes para a festa e recolherem esmola, em dinheiro ou espécie (com o fumeiro a ser mesmo ritualmente roubado, se for preciso, pelo mascarado). No final da manhã o cansaço há- de levá-los até à igreja onde se celebra a missa, na qual os Pauliteiros dançarão o “Ato de Contrição” ao som da flauta pastoril e do tamboril, com a gaita-de-foles a fazer-se ouvir aquando o levantar da Hóstia. E depois da procissão, os Pauliteiros dançam no sagrado, com o Carocho e a Velha presentes.
Dia 29 - 20h - Die de las Murcielhas
Dia 30 - 20h - Die de Las Antradas
Um pouco de história sobre esta festa:
"No dia 27 de Dezembro de cada ano, dia de S. João Evangelista na Liturgia Romana, em Constantim, povoação do Concelho de Miranda do Douro, aparece o conjunto do carocho e da Velha.
O Carocho veste um fato de pano grosseiro e largo.
Apresenta a cabeça coberta com uma máscara de couro que lhe cobre também a fronte até ao pescoço. No pescoço tem um rosário de carretas de linhas, já vazias. Nas mãos suporta um garfo de madeira de grande tamanho com que recolhe as peças de fumeiro; chouriças, salpicões, costelas, orelhas e pés de porco.
Do queixo da máscara pende uma barbicha de bode como no chocalheiro de Bemposta. Sobre o trajo grosseiro o carocho ostenta uma bofanda de lã.
Calça galochas ou polainas com botas de bezerro ou socos.
A Velha ou “Tiê Biêlha” veste saia, blusa de chita estampada, lenço chinês na cabeça, xaile a tiracolo, um rosário de castanhas assadas ao pescoço e um saco ou surrão no ombro esquerdo. Na mão direita traz uma estaca com que recolhe a esmola de chouriça e outras peças que lhe vão dando pelas casas.
Logo de manhãzinha cedo, depois de desenjuar, acompanhados por um grupo de tocadores de flauta pastoril ou gaita de foles, caixa e bombo e por um grupo de pauliteiros da povoação, o carocho e a Velha percorrem as ruas da povoação recolhendo a esmola para a festa de S. João. Recolhem chouriças, salpicões, dinheiro e cereal.
Com esta esmola pagam a festa. As peças de fumeiro, pés, orelhas e costelas de porco, são para fazer a ceia comunitária que se realiza nos dias antes do Ano Novo, a 29 ou 30 de Dezembro. Na Ceia comunitária participam todas as pessoas da povoação e outras pessoas convidadas pelos mordomos da festa.
Os pauliteiros dançam um laço à porta de cada vizinho e o Carocho e a Velha acompanham, dançando, o ritmo dos instrumentos musicais dando saltos, fazendo trejeitos e dizendo graçolas.
À porta dos vizinhos a quem faleceu algum familiar nesse ano, a dança pára e reza-se pelas almas das obrigações daquela família.
Esta festa do Carocho e da Velha de Constantim conserva-se ainda com muita originalidade do seu ritual. Tem origem em rituais dionisíacos e nela aparecem sinais de comunitarismo antigo."
Extraído de: Mourinho, António Rodrigues (1993), Figuras Rituais do solstício de Inverno na Terra de Miranda, Museu da Terra de Miranda. Miranda do Douro: Museu da Terra de Miranda, 14-16.
Constantim, Miranda do Douro
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