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Troço 6 | Algoso - Salsas
PERFIL
- Extensão: 42 km
- Altitude máxima: 885m (entre Serapicos e Salsas)
- Altitude mínima: 321m (Ponte sobre o rio Sabor entre Santulhão e Izeda)
O Troço 6 inicia-se na antiga vila transmontana de ALGOSO, que foi sede de concelho até 1855, ano em que foi extinto e incorporado no município de Vimioso. A doze quilómetros da sede do concelho, é uma das mais importantes freguesias, delimitando Vimioso do vizinho município de Mogadouro. O Castelo de Algoso tem uma vasta história de ocupação, iniciada na Idade do Bronze e terminada na Idade Moderna. Classificado como Imóvel de Interesse Público, começou por ser construído devido às excelentes condições estratégicas e de defesa de que usufruía. O pequeno castelo surge no alto do Monte da Penenciada, um cabeço penhascoso que se despenha quase a pique, a mais de 600 metros, sobre o Rio Angueira, que por sua vez vai confluir a oeste com o Maçãs. O aglomerado implanta-se a norte do castelo de Algoso, sobre o festo planáltico do interflúvio Angueira/Maçãs.
Também numa outra proeminência, conhecida por Cabeço dos Moiros, mais a sul, junto ao Angueira, há vestígios de um outro povoado fortificado, com sistema defensivo composto por duas linhas de muralha, conhecido por castelo dos Mouros de Algoso.
O núcleo primitivo da aldeia, de estrutura orgânica e ocupação densa, desenvolve-se na envolvente da Igreja Matriz, estendendo-se para norte ao longo dos acessos do aglomerado.
À entrada de Algoso tem à esquerda o cabeço da Forca, onde se erguia o instrumento de suplício no tempo em que esta vila detinha ainda a jurisdição do crime. Neste cabeço tinha tido assento uma fortificação alti-medieval, que precedeu o atual castelo, edificado em posição sobranceira.
Percorra a vila com atenção. Conheça os antigos Paços do Concelho, o pelourinho manuelino, a Fonte Santa e sobretudo a Igreja Matriz encimada pela cruz dos Cavaleiros de Malta. No interior desta igreja conservam-se ainda muitos outros símbolos da Ordem dos Cavaleiros de Malta, que administraram as rendas da Comenda.
Depois suba ao castelo, recrie na sua imaginação o rosário de contendas e escaramuças que nesse palco tiveram lugar, séculos a fio, vezes sem conta, entre portugueses e castelhanos e dê uma mirada em redor – lá em baixo, bem no fundo, uma ponte românica sobre o Angueira era então a única ligação possível entre esta fortaleza e a de Penas Roias, que asseguravam a retaguarda da defesa da raia.
Neste percurso, para lhe permitir descobrir as belas paisagens encaixadas nos vales das ribeiras afluentes do Angueira e usufruir da praia fluvial com parque de merendas, sugere-se ao visitante um desvio até às localidades de Vale de Algoso, Uva e Mora, permitindo igualmente fazer a ligação ao início do Troço 4, passando pelas localidades de Teixeira e Atenor. O acesso faz-se através da EN219, em direção a Vimioso. Após 3 km, apresenta-se uma derivação à direita para o CM1119, o qual atravessa as referidas localidades.
A primeira localidade é VALE DE ALGOSO, que se desenvolve numa encosta suave, ao longo de uma linha de água afluente do rio Angueira. A área envolvente é ocupada por culturas agrícolas, junto à linha de água com hortas e quintais compartimentados com muros de xisto. Saindo de Vale de Algoso em direção a Uva, a estrada desce até ao rio Angueira, onde se criou uma zona de lazer para apoio à praia fluvial, que rivaliza com uma outra, situada a montante, num afluente deste rio em Vila Chã da Ribeira.Existem várias culturas de sequeiro extensivo de cereal e pousio/pastagem. Destaca-se a presença de povoamentos de azinheira, zimbro e sobreiro nos vales das linhas de água.
UVA caracteriza-se por ser um aglomerado de pequena dimensão, implantado nas margens da ribeira das Fragas, subsidiária do rio Angueira na margem esquerda, que se distribui, subindo por ambas as encostas do pequeno talvegue, apoiado numa estrutura adaptada àquela morfologia. A ocupação é concentrada e marcada pela presença de exemplares de arquitetura popular tradicional, erguidos em pedra miúda de xisto, de cor parda. Os pombais possuem elevada expressão na paisagem, contandose aqui mais de trinta exemplares, alguns dos quais já recuperados.
O desvio prossegue em direção a Mora, descendo por um vale formado por um afluente do rio Angueira. A vegetação ripícola marca distintamente o local, munido de elevado valor ecológico. Destacam-se algumas culturas cerealíferas de inverno e pousio/pastagem durante o verão. Existem ainda vários olivais, plantados recentemente.
MORA constitui um aglomerado disposto ao longo de uma encosta suave voltada para nascente, recortada pelos afluentes do ribeiro do Cardal. A área envolvente é retalhada por várias culturas agrícolas (hortas junto às habitações), culturas de cereal e de regadio (milho e batata), interrompidas por matos (giesta, esteva e azinheira), que lhe conferem uma variação cromática ao longo das várias épocas do ano.
A partir deste ponto poderá optar por seguir até ao início da Rota 4, em Sendim, e daí prosseguir para Miranda ou para Mogadouro, ou pode regressar fazendo o sentido inverso na direção de Algoso, virando à esquerda quando encontrar a EN219. Percorridos uma centena de metros, tome a estrada nova à direita, com placa assinalando Matela.
Quando passar a nova ponte sobre o Maçãs lembre-se que ainda há bem pouco tempo este percurso se fazia pela estrada velha, cruzando o rio numa velha ponte românica inteiramente construída em xisto.
MATELA fica no interflúvio Maçãs-Sabor, numa rica área cinegética, com abundância de coelhos, lebres e perdizes e dos montados e olivedos não é raro descer aos lameiros algum fugaz javali. A estrada continua agora para Santulhão, um povoado pequeno com notas interessantes de arquitetura tradicional e segue depois para Izeda. Quando alcançar o grande viaduto do Sabor pare e desça a pé até à antiga ponte que lhe fica muito próxima, a jusante. Setecentos anos mais velha conserva ainda a sua estrutura de cavalete sobre três arcos de volta inteira, tipicamente medieval. Trutas, bogas, escalos, lúcios e góbios pescam-se aqui, em ambas as margens do rio.
O rio Sabor estabelece imemorialmente a fronteira entre Vimioso e Bragança. Transposto o rio e já neste concelho, inicia-se a íngreme subida pontuada de exemplares seculares de sobreiro, vencendo a encosta que contorna o Castelo, reminiscência de antigo povoado fortificado proto-histórico (comummente designado Castelo de Izeda) e entra-se de novo em área planáltica com pastagens e olivais cada vez mais extensos e regulares.
IZEDA, elevada a vila em 1990, é a mais importante povoação do concelho de Bragança depois da própria sede, com equipamentos e serviços variados e até um importante estabelecimento prisional.
Como é região oleícola de tradições bem firmadas, visite o Núcleo Museológico de Izeda.
Deixando Izeda, o itinerário prossegue ainda em vasta planura, onde predominam os olivais e lameiros ordenados por renques de caducifólias, na sua maioria freixos. Depois desce suavemente à Ribeira de Vilalva a caminho de Macedo do Mato, mas num curto desvio à direita conduz a FRIEIRA, um pequeno povoado sobre o mesmo curso de água, que em tempos recuados gozou os privilégios de foro municipal, como ostenta o pelourinho, que se mantém incólume, perto da igreja. Nesta aldeia, que conserva ainda em razoável estado o seu casco antigo edificado em xisto, sobressai, logo à entrada, uma curiosa ponte medieval de cinco lumes. É deste bucólico cenário sobre a ribeira de Vilalva que se vai para SANCERIZ, cabeça de mais um concelho extinto, com foral de 1285 e também ainda com o seu pelourinho.
Para seguir a Rota há que virar à esquerda para o Santuário de Nossa Senhora do Aviso, uma pequena capela barroca que culmina os Passos da Paixão, local de grande devoção popular como o ostentam os seus quartéis de romagem. Daqui se desfrutam excelentes panorâmicas sobre as planuras de Izeda.
A partir do Santuário a via estreita e depois bifurca. A Rota segue à esquerda para Salsas, mas à direita, a curta distância, a aldeia de SERAPICOS, conhecida pela excelente qualidade da sua Castanha Tradicional Longal, convida a uma visita.
Por terras de pastoreio, onde o castanheiro se começa a afirmar, descemos do planalto por entre lameiros e o panorama alarga-se à vista do vale, com a serra da Nogueira em fundo. Alcançamos, então, SALSAS onde se esgota o sexto Troço da Rota.