- Início
- Apresentação da Rota
- Caraterização Histórico-Patrimonial
- Património Evocativo
Património Evocativo
Muitas vivências socioculturais da região nordestina assentam em tradições e posturas de origens ancestrais. Provavelmente a mais emblemática será a prática comunitária, o regime de partilha que resiste ainda, enquistado em Rio de Onor e Guadramil, onde o solo útil, que é de todos, a todos aproveita. Esta prática, que resulta de esforços seculares de autodefesa e autosustentação de pequenas povoações raianas que sobreviveram isoladas conservou formas dialetais derivadas das línguas portuguesa, mirandesa e castelhana. A sobrevivência deste modus vivendi nos núcleos rurais e da própria língua mirandesa e dos dialetos locais (Riodonorês, Guadramilês e Sendinês) é muito difícil, não obstante os esforços desenvolvidos pelas autarquias e pelos Parques Naturais de Montesinho e do Douro Internacional.
Os Parques Naturais são, aliás, uma mais valia regional como ponto atrativo do Turismo de Natureza e do Turismo Cultural de que beneficia toda a população, procurando sempre compatibilizar o desenvolvimento económico e social com a conservação da natureza e a integridade cultural.
As atividades artesanais enquadraram-se, até um passado recente, num contexto de utilização do objeto produzido para as diversas funções do quotidiano, tais como a tecelagem de lã e linho, as rendas e bordados, a cestaria, os objetos de cobre batido e ferro forjado, a latoaria e a talha. Mas o artesanato regional integra igualmente as obras, associadas a funções simbólico-religiosas (nomeadamente, as máscaras, os trajes, as miniaturas, as esculturas, entre outras). Finalmente, merecem especial destaque pela sua originalidade as cutelarias (Palaçoulo), os trajes de burel e saragoça, designadamente as capas de honra (Constantim e Sendim) e as máscaras de madeira (Ousilhão, Vila Boa e Sendas).
A atual dinâmica museológica da Terra Fria Transmontana revela um novo olhar sobre o património, revalorizando a história, segundo uma perspetiva de identificação e de autoestima das populações, recuperando objetos, símbolos e saber-fazer integrados num quadro de novas vivências e atividades. O Museu Abade de Baçal, em Bragança, guarda um precioso espólio que testemunha exuberantemente a riqueza cultural desta região nos tempos mais recuados da história regional. Também o Museu da Terra de Miranda em Miranda do Douro, conserva objetos de arqueologia e etnografia que justificam uma visita, assim como o Museu de Arqueologia de Mogadouro, que guarda o espólio arqueológico deste concelho.
Os núcleos museológicos etnográficos encontram-se imbuídos dos novos valores associativos e patrimoniais, de cariz já essencialmente rural, nos quais o acervo dominante foi constituído por ofertas da própria comunidade e podem ser visitados em localidades como Babe, Caravela, Palácios, Mós, Paçó, Rio Frio e Terroso, no concelho de Bragança, Sendim, no concelho de Miranda do Douro, em Algoso e na sede do concelho de Vimioso e em Agrochão, no concelho de Vinhais.
Com um conceito inovador, o Ecomuseu Terra Mater, em Picote, promove atividades de valorização territorial.
Os eventos sociais e culturais traduzem os ritmos próprios da Natureza nas celebrações que lhe estão associadas, costumes ancestrais enraizados em ritos pagãos remanescentes ou sacralizados pela Igreja ao longo dos séculos. As Festas dos Rapazes ou de Santo Estêvão, que se celebram na quadra natalícia, as próprias Festas de Natal e dos Reis, as festas de Carnaval com os seus julgamentos e queimas e um sem número de romarias aos santuários locais, estão ainda generalizadas por toda a região.
As expressões etno-musicais são relevantes pela sua identidade própria no acervo patrimonial do País. Os grupos de gaitas de foles das aldeias de Miranda do Douro, Mogadouro e da Alta Lombada (Bragança) e os pauliteiros mirandeses são os melhores exemplos de uma riqueza etnográfica ímpar, com origem remota no tempo.